Editora: Carambaia
Acabamento: capa dura com serigrafia e corte pintado
Cor do miolo: preto
Formato: 11 x 16 cm
Páginas: 288
Edição: 1ª
Ano: 2020
Idioma: Português
Classificação: não disponível
Categorias: conto, literatura
Poucos escritores penetraram tão fundo na alma feminina quanto D. H. Lawrence (1885-1930). Com uma franqueza tida como escandalosa em seu tempo, foi Lawrence o primeiro grande autor a abordar o desejo sexual das mulheres e sua realização – muitas vezes desafiando o domínio masculino – em romances fundamentais do modernismo inglês como O arco-íris, Mulheres apaixonadas e O amante de Lady Chatterley. A antologia As mulheres contam, traduzida e organizada por Patrícia Freitas, reúne sete textos, escritos entre 1910 e 1927, e inéditos no Brasil.
Em todos os contos, é central a presença das personagens femininas – inquietas, complexas e quase sempre insubmissas. Dois deles costumam frequentar as antologias de melhores histórias curtas em língua inglesa do século XX: “Odor de crisântemos” e “Você me tocou”. O primeiro trata da tomada de consciência de uma mulher sobre o lugar de sua afeição no mundo medíocre em que vive, e o segundo descreve o jogo de dominação entre duas irmãs, seu pai e o irmão adotivo.
Embora o lugar de Lawrence no cânone literário esteja mais do que assegurado, sua vida e obra nunca foram consenso, em parte pelas ambiguidades expressas por ele próprio. Sua obra-prima, o romance O amante de Lady Chatterley, foi condenada por feministas dos anos 1970, pela dominância conferida à virilidade. Nos contos de As mulheres contam, no entanto, Lawrence soa como um pioneiro da luta pelos direitos da mulher, sobretudo ao próprio corpo e à vontade individual. Uma das poucas certezas sobre as ideias do autor, porque ele a afirmou repetidamente, é que considerava a repressão sexual a principal inimiga da civilização europeia.
É exatamente nessa perspectiva que estes contos estão agora reunidos. A história que abre o volume, “Bilhetes, por favor”, narra a vingança de um grupo de funcionárias de uma ferrovia contra um colega metido a conquistador. “O batizado” fala do estigma da gravidez anterior ao casamento. “Nada disso” trata dos reveses sofridos por uma mulher independente. “Fanny e Annie” trata da covardia de um homem que engravidou uma mulher. E “Festa do Ganso” enfoca o envolvimento amoroso entre pessoas de diferentes classes sociais. A maioria das histórias se passa nas Midlands, região de minas de carvão na Inglaterra onde trabalhava o pai do escritor e que foi o cenário da maior parte das obras de Lawrence.
Sobre o autor:
David Herbert Lawrence (1885-1930), ou D. H. Lawrence, foi um dos mais influentes escritores britânicos do século XX. Autor de romances, contos, poemas, peças, ensaios e relatos de viagem, Lawrence integrou um grupo de autores modernistas que, entre o início do século XX e a eclosão da Segunda Guerra Mundial, provocou um abalo nas convenções literárias de língua inglesa, ao lado de nomes como Virginia Woolf, James Joyce, Katherine Mansfield e Aldous Huxley. Diferentemente do experimentalismo de Joyce, porém, Lawrence se valeu das técnicas ficcionais do século XIX para introduzir novos assuntos e atualizações linguísticas num amálgama que, embora se atenha aos recortes cotidianos, insere silenciosamente na narrativa questões sociais, políticas e psicológicas.
Lawrence nasceu na cidade mineira de Eastwood, quarto filho de um mineiro semianalfabeto e de uma aristocrata que se tornou operária. Aos 16 anos, contraiu uma pneumonia que fragilizou para sempre a sua saúde, impedindo-o de trabalhar nas minas – o que o levou a engajar-se numa carreira literária. Aos 23, formou-se professor pela Universidade de Nottingham. No mesmo ano, seus poemas foram publicados na célebre English Review. Três anos depois veio a público o primeiro romance, O pavão branco.
Em 1912, começou a relação, que duraria até sua morte, com Frieda Weekley. Ela era casada e por isso a vida em comum com Lawrence começou com uma fuga para a Alemanha e depois para a Itália, onde o escritor completou o romance Filhos e amantes (1913), que aborda, de forma semiautobiográfica, a paixão de Lawrence pela mãe. Durante a Primeira Guerra Mundial, o casal foi perseguido por suposta simpatia pela Alemanha – em parte pelo pacifismo do escritor, em parte pela ascendência da esposa – e expulso do condado onde morava por suspeita de espionagem. O projeto seguinte se desdobrou em dois romances com as mesmas personagens centrais, O arco-íris (1915), banido durante três anos sob acusação de obscenidade, e Mulheres apaixonadas (1920).
Com o fim da guerra, Lawrence e a esposa partiram para a Itália e passaram os anos seguintes viajando pelo mundo, sem voltar para a Inglaterra. A temporada no México inspirou um romance ambicioso, considerado por muitos sua obra-prima, A serpente emplumada (1926). O último romance de Lawrence, O amante de Lady Chatterley, sobre a atração de uma aristocrata por um guarda-caças, saiu em edição privada em 1928 e só foi liberado para publicação regular em 1960 na Inglaterra, mediante processo judicial. Lawrence morreu de tuberculose em Vence, na França. Em sua curta vida, o escritor produziu ainda livros de viagem, ensaios sobre literatura e outros assuntos e peças de teatro.
Saiu na imprensa:
"A Carambaia publica 'As mulheres contam', antologia com sete textos escritos entre 1910 e 1927. Em todos os contos, é central a presença das personagens femininas – inquietas, complexas e quase sempre insubmissas."
Redação, Publishnews, 22/04/2020