Editora: Escaleras
Acabamento: capa cartonada com orelha
Cor do miolo: preto com detalhes em cor
Formato: 14 x 21 cm
Páginas: 72
Edição: 1ª
Ano: 2020
Idioma: Português
Classificação: não disponível
Categorias: literatura, poesia
Eider Madeiros é potiguar de Mossoró e cria adotada pela Mãe Parahyba há quase uma década. Estuda Literatura contemporânea no doutorado em Letras da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). De um muxoxo a outro, escreve uns versos, perverte uns escritos e esquece de lembrar que sem escrever não vive, nem vira gente. Termina escrevendo o que lhe revira.
Orelha:
A poesia de Eider Madeiros revela-se muito versátil. Trinta e três, seu livro de estreia, apresenta conjunto variado de obsessões e experiências, indo do verso livre mais prosaico à tradição mais concisa. Quando satírico, Eider é desbocado como poucos e, quem não for inocente, há de ver Tom Zé em “Todos os olhos”. Afinal, o poema de Eider também dá o play em um jogo refinado de ritmos e sons. São apenas quatro versos, mas quanto prazer envolvido! A todo momento, fitam e flertam entre si diante dos nossos olhos. Veja você que há rimas abreviadas entre palavras paroxítonas e oxítonas em “medusa” e “cu” e “vê!” e “sento”. Não são rimas óbvias, pois não se dão facilmente. Veja, também, que os tais “olhos de medusa”, não por acaso, é que acabam por endurecer o “pau pedra”. Vá, veja que o pau nos dá a ver o prazer; logo ele, que imperativamente “vê!”. Pois se a medusa transforma em pedra quem lhe dirige o olhar, o olho do cu apenas cega de prazer. Mas Eider também sabe ser lírico, e quando o é, apresenta confissões entremeadas por um constante jogo de espelhos, a exemplo de “Ponta negra” e do ótimo “Pombalésa”, que nos faz lembrar o português Mário de Sá-Carneiro. Mas não só: nesse poema, Eider tensiona o verso octossílabo valendo-se de estrofes formadas apenas por quartetos, de modo que acena para uma certa tradição mais formal da poesia ao mesmo tempo em que mantém uma aparente informalidade, que nos remete a tendências mais contemporâneas. É certo que outras experiências e obsessões podem ser apontadas em Trinta e três. Caberá a vocês, leitoras e leitores, o prazer de descobri-las.
Guilherme Delgado
Hubrística
Quero ser a antípoda da ponta
estar no chão do iceberg
a flutuar sob o peso da água dura
e não ser vista a não ser pelo nada
além da escuridão do fundo de um mar
que me sustenta enquanto veem
que nada o que veem é o que lhes sustenta